quinta-feira, 22 de julho de 2010

"Vontade de encostar a cabeça no ombro de alguém, que contasse baixinho uma história qualquer..."
Caio F.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Inventa.

Aos poucos a gente consegue por em prática aquela decisão que, pela lógica, é o melhor caminho: o distanciamento.
Não por opção, mas por consequência. Não tem mais pra onde correr, não há mais o que tentar, não há nada a ser inventado, diversificado. O afastamento é a melhor solução quando não há mais solução na presença. Não adianta ficar perto, estimular, presenciar, compartilhar... "Quando um não quer, dois não brigam" já diz o velho ditado. Se não brigam, imagina se amam! Não! Não amam, não dá, não cabe.
Então, afastamento.
Mas a permanência independe da distância. É cruel porque tá por dentro e, por dentro, é mais difícil afastar.
Então, ilude.
Finge que acredita que tudo se resolve estando longe.
Foge. Finge. Afasta. E, percebe? Tudo continua igual...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Toques.

Eu tava sentada terminando meu chopp. Ele chegou, encostou no balcão e começou a falar de política e, entre outras coisas, eu achei ele um nerd babaca. Levantei, paguei a conta e saí. Ele tocou no meu braço e pediu meu telefone. Eu dei. Fazia muito tempo que eu não era cortejada.

E ele ligou. Nós saímos. E, entre um chopp e outro, ele me explicou detalhes sobre o mercado financeiro e me deu toques sobre a atual situação econômica do país. Eu achei aquilo um porre. Inventei uma desculpa, precisava ir embora. E eu fui. E ele ligou no dia seguinte, e no outro, e no outro. Eu não atendi. Eu admiro a inteligência, acho mesmo que é afrodisiaco. Mas tem que ser em doses homeopáticas. Em excesso, vira veneno. Eu não sei nada de crise mundial e muito menos quanto tá valendo o dólar. Quero mais é tomar minha bebida falando das coisas leves da vida, dos absurdos que o povo fala, das mentiras que a gente acredita. Eu gosto de coisas banais. Eu assumo.

Deletei o número dele do celular, fui tomar um banho e, quando voltei, lá estava ele com 3 chamadas não atendidas para o meu número e um recado na caixa postal: "Você é a mulher mais interessante que eu conheci até hoje!!". Aí eu liguei. Ele é inteligente o bastante para constatar que eu sou realmente interessante. E nós saímos e, depois do quinto chopp, eu pedi pra ele parar de falar das coisas que eu não acompanho, das coisas que eu não gosto, das coisas que eu não tenho conhecimento. E ele parou. E eu comecei. Falei de sentimentos, de desesperos, de alegrias nas coisas pequenas, das coisas que tocam o meu coração. E ele inventou uma desculpa, precisava ir embora.

E no dia seguinte eu liguei, e no outro também. Tocou, tocou... mas ele não atendeu.

sábado, 10 de outubro de 2009

Mais uma dele...

Ventava demais. Um vento tão forte que eu mal conseguia controlar a minha nova franja.
Cheguei perto dele, entreguei uns papéis e, antes mesmo de me dizer bom dia, ele fez o comentário mais surpreendente que alguém pode fazer pra uma mulher apaixonada: ele disse que eu tava linda de cabelo cortado.
Meu Deus! Eu quase desacreditei! Não era nenhuma mudança radical. Foi só um corte de uns quatro centímetros no comprimento e uma franja que, devido a ventania, estava toda bagunçada e jogada pra trás. E, detalhe: eu tava de cabelo preso.

Ok! Eu já entendi que ele tem esse dom de me "quebrar no meio" quando eu menos espero. Falar coisas simples que significam muito, é com ele mesmo. E, francamente, por que ele faz isso comigo?

Qual é a dele?
Que história é essa de falar do meu cabelo cortado sendo que ele tava preso num rabo de cavalo? Que coisa é essa de sempre lembrar de frases que eu disse há muito tempo, de relembrar acontecimentos que envolvem a minha pessoa e que eu nem lembrava mais? Que papo é esse de que "ficou muito bom" e "você tá linda"?

Eu chego super segura, na maior compostura e é só ele falar da minha franja e pronto: ele acaba comigo! Eu fico ali, do lado dele, flutuando com os pés no chão.

Que coisa mais fantástica é essa!

Eu busco espelhos pra arrumar meu novo visual antes de encontrar com ele, chego toda "normal", vem um vento e acaba comigo e ele ainda me faz galanteios!

Eu saio dali me sentindo a pessoa mais bonita que se tem por perto. Me dá uma vontade de abraçar todo o mundo, de rir alto, de dançar esquisito, de chegar perto e dizer que ele acalma o meu coração.

Sim, ele acalma o meu coração. Anota aí: mais um ponto pra ele!

sábado, 29 de agosto de 2009

Confessionário.

Eu assumo a minha fraqueza do total descontrole e completa insanidade de coisas ditas para ofender e machucar. Eu assumo meu desespero em dizer absurdos e fantasiar frases pra agredir sem nenhuma piedade. Eu assumo a loucura em te pedir pra olhar bem dentro do meu olho pra sentir com toda força a minha raiva.

Eu afirmo o que eu disse e não tiro nenhuma vírgula embora assuma que há coisas que não precisam ser esclarecidas. Eu assumo a consciência de que nada do que foi dito mudará o que existe e que, com quase certeza, pra sempre existirá.

Eu assumo o amor imenso, a maluquice quase que plena e a perda de foco que ficam nítidas quando eu me descontrolo desse jeito. A minha vontade de bater, agredir, empurrar e até mesmo cuspir. Minha nossa... eu assumo! Eu assumo o desequilíbrio, a falta de bom senso, a falta da falta que a presença me faz.

Eu faço, assumo e me perco. Me dói. E dói muito.
A garganta dói por causa dos gritos que, de tão altos, ficam baixos porque é tanta coisa dita que quase não se escuta nada. Doem braços e pernas de tanto que me contraio nessa ira que, aos poucos, se acalma.

E eu me arrependo... Porque sei o que é errado, o que é feio, o que não é digno. Nada disso é amável... mas eu juro mesmo que é amor.
E eu calo. Me perco e quase não me acho mais.

Eu peço perdão pra mim mesma. Não tenho coragem de ir até lá e pedir perdão olhando nos olhos, como faço quando quero que ouça meus xingamentos.
Então, me mande rezar... e eu rezo! E rezo até mesmo sem pretensão de considerar penitência. E espero deveras ser perdoada. E que tudo seja esquecido até a minha próxima explosão.

E que fique claro, mais uma vez, que é amor... dos mais fortes, do mais inabalável! E que seja percebido que eu, de fato, me arrependi novamente!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Aquele que "jamais".

Eu vi ele a primeira vez numa festa! Ele tava afastado de todo mundo, sentado, com uma lata na mão só observando as pessoas. Eu nunca tinha reparado nele. E, nessa noite, eu reparei.
Eu estava alegremente alcoolizada e divertida e a primeira coisa que pensei quando vi ele foi "eu jamais ficaria com esse cara". Eu costumo analisar as possibilidades quando tô com umas cervejas a mais na cabeça e ele, definitivamente, era uma carta fora do baralho. Ele é feio, não se joga pra dançar e nem sequer canta um sertanejo desesperado. Ele não acompanharia meu ritmo.
Mas eu passei... e ele olhou! Fez um comentário com um amigo e eu fingi que nem ouvi. Eu não dou moral pros que não estão no baralho.

E o tempo passou... Eu comecei a ver ele mais vezes, trocávamos algumas palavras de vez em quando e, um dia, me surpreendendo lá de longe, ele fez um coração com a mão (daqueles que a gente faz meio que no ar, sabe?). E eu só achei graça. Afinal, ele continuava sendo o feio sem atrativos. E o tempo, que só existe pra passar, me abordou um pouco lá na frente com frases bonitinhas ao meu respeito. Com um jeito de impressionar diferente do convencional. E eu seguia disfarçando o que já estava quase escapando de mim. Continuava sendo a maluca que samba no meio do povo e abraça a galera no auge da felicidade etílica. E ele, como tinha que ser, continuava sendo o analisador, o que interage com os amigos de forma mais comedida, mais madura, mais centrada, mais linda... e, taí: eu me ferrei!

O "oi" de longe evoluiu prum abraço apertado de "feliz aniversário" que, em poucos minutos, se transformou num beijo na boca digno de cinema. Era uma festa como as outras mas, dessa vez, ele estava mais interessante. Eu gostava dele ali me olhando enquanto eu permitia minha loucura tomar conta dos meus pés e braços no meio de uma música alucinada e deliciosa. Ele era o feio mais lindo do lugar. Um homem de verdade, seguro, educado, na dele. E, quem diria, eu me perdi naquela simplicidade de ser e existir.
Porque os detalhes dele eram o que me impressionavam mais. O desinteresse pelas coisas dos outros, o jeitão "eu sou mais eu" dele andar, aquele sorriso pela metade pra agradar uma piada.
Eu nem sei dizer se isso é paixão, se é amor, se é só uma palhaçada dessas que eu costumo inventar de vez em quando na minha vida... Acontece que veio outra festa, e a minha cabeça já estava acostumada com o ombro dele... e a música já não fazia nenhuma diferença pra mim.