terça-feira, 10 de novembro de 2009

Toques.

Eu tava sentada terminando meu chopp. Ele chegou, encostou no balcão e começou a falar de política e, entre outras coisas, eu achei ele um nerd babaca. Levantei, paguei a conta e saí. Ele tocou no meu braço e pediu meu telefone. Eu dei. Fazia muito tempo que eu não era cortejada.

E ele ligou. Nós saímos. E, entre um chopp e outro, ele me explicou detalhes sobre o mercado financeiro e me deu toques sobre a atual situação econômica do país. Eu achei aquilo um porre. Inventei uma desculpa, precisava ir embora. E eu fui. E ele ligou no dia seguinte, e no outro, e no outro. Eu não atendi. Eu admiro a inteligência, acho mesmo que é afrodisiaco. Mas tem que ser em doses homeopáticas. Em excesso, vira veneno. Eu não sei nada de crise mundial e muito menos quanto tá valendo o dólar. Quero mais é tomar minha bebida falando das coisas leves da vida, dos absurdos que o povo fala, das mentiras que a gente acredita. Eu gosto de coisas banais. Eu assumo.

Deletei o número dele do celular, fui tomar um banho e, quando voltei, lá estava ele com 3 chamadas não atendidas para o meu número e um recado na caixa postal: "Você é a mulher mais interessante que eu conheci até hoje!!". Aí eu liguei. Ele é inteligente o bastante para constatar que eu sou realmente interessante. E nós saímos e, depois do quinto chopp, eu pedi pra ele parar de falar das coisas que eu não acompanho, das coisas que eu não gosto, das coisas que eu não tenho conhecimento. E ele parou. E eu comecei. Falei de sentimentos, de desesperos, de alegrias nas coisas pequenas, das coisas que tocam o meu coração. E ele inventou uma desculpa, precisava ir embora.

E no dia seguinte eu liguei, e no outro também. Tocou, tocou... mas ele não atendeu.